A dor e a cor

O ano de 2004 foi um ano terrível e revelador. Logo em abril,minha doce e linda filha caiu doente de uma síndrome que eu nunca tinha ouvida falar, a Síndrome de Behcet. Foi parar no hospital paralisada, com uma lesão no cérebro. Foram dias angustiantes, quando o amor de mãe não é suficiente para curar a filha querida. Demorou vários dias até que os médicos confirmassem o diagnóstico. Conseguiram faze-la melhorar e hoje ela está bem. Mas a doença não tem cura. Terá de tomar medicações toda a vida.
Nos dias que se seguiram a sua saída não do hospital eu não me permitia pensar sobre o futuro. Então fazia decoupage em pratos sem parar, sem dormir, desenvolvi técnicas e criei designes. Fiz muita coisa com delicados pedaços de papel, os famosos guardanapos e pratos de vidro. Era a única coisa que me mantinha sã. Não existiam guardanapos para decoupage aqui onde moro, então uma amiga virtual do Rio de Janeiro mandou o primeiro pacote e depois outra da África do Sul. Estas duas senhoras talvez ainda não saibam como a sua ajuda foi fundamental para que eu sobrevivesse a aquele período de provações. Deixo aqui o meu muito obrigado a Celina no Rio e a Carol , na longínqua África do sul.
Também nesta época não conseguia pintar. Tudo o que pintava saía roxo. Dizem que roxa é a cor do luto, eu acho que é uma manifestação da dor psicológica e talvez tudo seja a mesma coisa. Ainda bem que passou. Voltei a pintar meus gatos e fadas em cores brilhantes. Tomara nunca mais tenha que pintar usando a cor do desespero.