Alterando A Vida: julho 2006

O prato que ganhou o concurso

Como contei no post abaixo, recebi dois pacotes de lindos guardanapos de Celina e Carol. E como fazia decoupage dia e noite, acabei desenvolvendo a técnica de colar o guardanapo no prato com cola branca. Fiz alguns que vcs podem ver aqui .Então tinha um que era único, só tinha aquele mesmo. Tinha vindo no pacote da Celina. E eu criei a decoupage com um beijo-flor recortado de revista e o guardanapo com o lírio cor- de - rosa.
Eu tinha conhecido Carol e Celina no grupo do americano Durwin Rice, que é muito famoso nas bandas de lá. Ele promovia e ainda promove um concurso de decoupage com um prêmio de 100 dólares em papéis. Pois bem, eu mandei a foto e no final de maio de 2004 o prato do beija -flor ganhou o concurso. Foi uma coisa muito boa que me acotenceu numa época, que, como vcs já sabem foi muito difícil. O engraçado foi que recebi propostas de compra para o prato mas eu já o tinha enviado à Celina como prova da minha amizade. E não havia nenhum guardanapo igual para que eu pudesse reproduzir o mesmo design. Assim ficou só aquele mesmo.
Se a gente analisar bem toda esta história verá que existe uma lição. A amizade, a solidariedade, a generosidade são as coisas mais bonitas que existem neste mundo. O amor pelo outro é isso. Enquanto eu sofria com a doença da minha filha, a bondade que existe no mundo se aliava para me aliviar o meu fardo e me ver feliz.
E se vcs quiserem ver o famoso prato clique aqui

Passo a passo para decoupage em prato de vidro e guardanapo

Por favor clique aqui para ver o passo a passo

A dor e a cor

O ano de 2004 foi um ano terrível e revelador. Logo em abril,minha doce e linda filha caiu doente de uma síndrome que eu nunca tinha ouvida falar, a Síndrome de Behcet. Foi parar no hospital paralisada, com uma lesão no cérebro. Foram dias angustiantes, quando o amor de mãe não é suficiente para curar a filha querida. Demorou vários dias até que os médicos confirmassem o diagnóstico. Conseguiram faze-la melhorar e hoje ela está bem. Mas a doença não tem cura. Terá de tomar medicações toda a vida.
Nos dias que se seguiram a sua saída não do hospital eu não me permitia pensar sobre o futuro. Então fazia decoupage em pratos sem parar, sem dormir, desenvolvi técnicas e criei designes. Fiz muita coisa com delicados pedaços de papel, os famosos guardanapos e pratos de vidro. Era a única coisa que me mantinha sã. Não existiam guardanapos para decoupage aqui onde moro, então uma amiga virtual do Rio de Janeiro mandou o primeiro pacote e depois outra da África do Sul. Estas duas senhoras talvez ainda não saibam como a sua ajuda foi fundamental para que eu sobrevivesse a aquele período de provações. Deixo aqui o meu muito obrigado a Celina no Rio e a Carol , na longínqua África do sul.
Também nesta época não conseguia pintar. Tudo o que pintava saía roxo. Dizem que roxa é a cor do luto, eu acho que é uma manifestação da dor psicológica e talvez tudo seja a mesma coisa. Ainda bem que passou. Voltei a pintar meus gatos e fadas em cores brilhantes. Tomara nunca mais tenha que pintar usando a cor do desespero.

Como os barrados de crochet me salvaram

Em 1992 eu tinha 39 anos e fiquei grávida. Tinha só uma filha adolescente. Meu marido e eu tínhamos decidido que seria só ela. Mas as coisas não são como se planeja e eu me vi grávida. Foi um choque , não no sentido que vc poderia pensar, mas foi pq eu comecei a amar a criança imediatamente. Bem, não durou, eu a perdi num sábado frio e chuvoso de julho, poucas semanas depois do resultado do teste. Eu me senti roubada, entendi tudo o que as mulheres têm sentido desde os primórdios do mundo quando perdem um filho, nascido ou não. Fiquei deprimida, me encerrei na minha pequena biblioteca e não queria mais sair de lá. Fazia barrados de crochet sem parar. Fiz muitos mesmo. Saí da sala depois de uma semana, pois o mundo lá fora esperava que eu continuasse cumprindo minhas obrigações. Não tinha morrido de dor. Minha dor se traduziu em barrados de crochet. Foi aquela agulha e as linhas coloridas que me salvaram. A dor continua até hoje mas sobrevivi.

Livro Envelope com gatinhos

Clique aqui para ver as fotos do livro de envelope com gatinhos!

Livros Alterados

Eu fiquei conhecendo "livros alterados" através da internet alguns anos atrás, mais precisamente quando comecei a fazer decoupage sob vidro. Veja MUITAS FOTOS aquiI
Eu não entendia bem o que acontecia naquele tipo de arte. Afinal só encontrava sites em inglês. E cada livro alterado era diferente, cada artista era diferente. Tudo era tão pessoal, tão assombrosamente bonito! Então me juntei ao Altered Books Yahoo group,
grupo com mais de 8000 membros de todas as partes do mundo. Foi a abertura para um novo universo!

Basicamente, você pega um livro, qualquer um que você queira mOdificar. Eu sei que vai ser difícil porque nós temos respeito mórbido por livros e nunca se pensa que se pode usá-los com suporte para arte, tal como uma tela em branco. Mas é isso que acontece. Você compra, pede de presente, arranja um livro velho, de preferência daqueles com costuras entre os grupos de páginas (são chamados de signatures em Inglês). Use alguma coisa que não se queira mais mesmo. Eu já trabalhei em escolas que venderam livros como papel para reciclagem por serem velhos ou terem muitos volumes ou não interessarem mesmo a nenhum leitor.

Agora é que começa a parte divertida. Arranque algumas páginas, talvez , até metade do livro se este for muito grande. Você vai precisar de espaço para a decoração ou o livro ficará aberto demais. Depois cole 3 ou 4 folhas, para transformá-las em superfícies de trabalho.Cole todo o livro. Eu uso cola branca mesmo, tipo tenaz. Passe um cartão de crédito velho para tirar o excesso de cola. Coloque papel manteiga entre a s folhas e deixe secar. Voçê terá seu livro alterado pronto para começar a decorar.

Você pode pintar com aquarela, têmpera guache, tinta acrílica de artesanato,e até látex de parede. Pode desenhar,escrever poesia, sua própria história, colar, usar técnicas de faux-finish, que o pessoal da decoupage usa como fundo para seus belos trabalhos em caixinhas e outros produtos de madeira.

Qual quer técnica vai funcionar bem. A regra maravilhosa que eu aprendi no grupo é que NÃO HÁ COMO ERRAR. Se você não gostar, pinte em cima, ou cole de novo e vá construindo sua obra única de arte. Qualquer coisa é válida. Lembre sempre de usar gravuras que tenham o copyright público. Ou papel para decoupage que é vendido para estas finalidades ou mesmo guardanapos decorados se você for vender o produto final. Mas já aviso que a gente fica muito ligado ao livro. Eu ainda não tive coragem de vender o meu primeiro e eu vivo da arte, como vocês sabem. Claro que vendi muitos outros, mas primeiro amor é díficil de superar.

Quanto à decoração, qualquer coisa pode ser usada. Eu aprendi a fazer biscuit para enfeitar meus livros. Então, Mariander, biscuit, EVA, pequenos recortes de madeira, metal, tudo que se usa em scrapbook, decalques, fitas, lã, linha, botões, tecidos poderão ser usados. Basta usar a imaginação.Veja fotos aqui.

Além dos livros vc pode alterar capas de álbuns, agendas, diários. Cada um sempre será único e se você for artesã, será mais uma fonte de renda.
Visite meu blogAltered Dreams para conhecer melhor o que faço com esta arte.
Também tem alguns sites com excelente tutorials em Inglês. Basta fazer uma busca no Google para altered books.

Pretendo colocar algumas técnicas que aprendi em futuros posts. Se alguém quiser fazer perguntas, escreva para o meu email.
Terei prazer em responder.

Alterando a vida

Afinal por que este título? Eu acho que é isso que eu faço. Eu vou alterando a vida. Faço arte. Cada obra que crio altera a minha vida e a de quem vê. Eu pego uma tela em branco, desenho, pinto e a o que era tecido se tranformou em cor, forma e luz. Se a pessoa que a vir estiver sintonizada com o que fiz, ela SENTE e se nesse processo se transforma, se altera.
Não uso só tela mas também outros meios para alterar o mundo. Vidro, papel, cadernos, livros. Tudo é tela branca para mim e passível de ser alterado.Eu transformo o comum em arte. Fazendo isso eu também me altero, me transformo, abro o meu coração para o mundo, deixo que o outro leia as minhas emoções.
Mas é tudo bem mais complexo. Eu já alterei minha própria vida não só com arte mas com ações.
Falarei mais no meu próximo post.